Nos dicionários, sustentabilidade é algo “que se pode sustentar”. Ou, ainda, conservar, preservar, favorecer, continuar.
Mas o termo sustentabilidade tem sido tão usado para o bem quanto para confundir, o que deixa o assunto meio desgastado.
Ou seja, a palavra sustentabilidade é aplicada tanto para ações em prol do meio ambiente quanto para que empresas e instituições aproveitem a falta de clareza sobre o conceito.
Mas, para nossa sorte, muitas pessoas, projetos, empresas e OSCs vem adotando sustentabilidade para tratar de atitudes ambientalmente corretas, economicamente viáveis e socialmente justas.
Por isso, achamos válido falar das questões positivas e não tão positivas sobre a tal sustentabilidade.
Sustentabilidade: o que é, afinal?
No contexto socioambiental e econômico, em geral, a sustentabilidade é a capacidade de ser sustentável e de conciliar questões econômicas, sociais e ambientais para o bem-estar do ser humano.
Também pode ser traduzida como uma busca pelo equilíbrio entre qualidade de vida e extração de recursos naturais.
Então, na teoria, se algo não é positivamente contínuo é insustentável em nível econômico, social ou ambiental.
De forma geral, esse é o entendimento que vem sendo adotado desde a década de 1970, quando sustentabilidade e desenvolvimento sustentável tornaram-se conceitos praticamente inseparáveis.
Portanto, desenvolvimento sustentável “é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades da geração presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras para satisfazer as suas próprias necessidades”.
Essa definição do Relatório de Brundtland (CMMAD, 1987) é uma das explicações mais usadas para definir sustentabilidade ambiental.
Um breve histórico
Há estudos que apontam que a sustentabilidade começou a ser considerada como um conceito socioambiental ainda em 1798, poucos anos após a Primeira Revolução Industrial.
Naquele mesmo ano, um economista e estatístico Thomas Malthus associou qualidade de vida a crescimento populacional. Porém, também apontou um possível colapso no futuro, caso não encontrássemos equilíbrio entre o crescimento populacional e subsistência.
Mas foi entre as décadas de 1960 e 70 que a comunidade global passou a questionar o modelo de desenvolvimento econômico focado na extração excessiva de recursos. E que resulta em desmatamento e outros impactos ambientais.
Então, líderes e comunidade científica presentes na primeira Conferencia Mundial das Nações Unidas para o Meio Ambiente, em 1972 Estocolmo, passaram a aplicar o termo sustentabilidade. A propósito, em 2022, a conferência completa 50 anos.
Ou seja, os discursos institucionais e governamentais adotavam a palavra associada ao contexto ambiental.
A partir daí, a sustentabilidade não saiu mais da pauta. Em 1992, o Rio de Janeiro abrigou a segunda Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a chamada Rio92.
De forma geral, desde então, o que eram discursos, estudos científicos e preocupações ambientais se transformaram em marcos institucionais listados em a Carta da Terra.
Daí em diante vieram as Cartas e Compromissos Globais, Conferências Mundiais e a Agenda 2030, que são Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ou ODS (SDG em inglês).
Ou seja, os líderes mundiais assumiram compromissos com a preservação ambiental sinônimo de diversidade biológica, combate a fome, à poluição das águas e mudanças climáticas
E sustentabilidade e desenvolvimento sustentável passaram a ser entendidos também como o resultado de combinações de ações em níveis sociais, econômicos e ambientais.
Na prática, sustentabilidade seria algo economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente adequado.
Meio ambiente e sustentabilidade
Apesar de parecer, na prática, equilibrar a equação meio ambiente e sustentabilidade não é tão simples.
Isso porque desde a Revolução Industrial produzimos e consumimos com muito mais intensidade do que, de fato, precisamos.
Ou seja, a sociedade e a economia global ainda são guiadas pela sensação de escassez e pela dependência de fontes de energia não renovável – como combustíveis fósseis, por exemplo.
Nesse cenário passamos a explorar recursos naturais finitos como minério e água, e a poluir a atmosfera com mais força do que ela é capaz de suportar.
Por exemplo, é enorme a dependência social e econômica da indústria petroquímica, que gera insumos para plásticos, farmacêuticos, combustíveis etc. Da mesma forma é enorme o impacto dessa indústria para o meio ambiente.
Afinal de contas, a população mundial cresceu mais de 120% desde os anos 1970. Pois a conta desse estilo de vida é cara e chega para todos.
Uma das formas de ver como está esse cheque especial da humanidade com o Planeta é o Dia de Sobrecarga da Terra, criado pela Global Footprint Network.
Nessa data, a GFN calcula e divulga uma espécie de extrato bancário. Ele mostra quantos por cento de recursos naturais do Planeta a humanidade já consumiu. É o resultado da chamada pegada ecológica da humanidade, e de cada um dos mais de 7,7 bilhão de indivíduos.
Infelizmente chegamos a consumir 1,75 Planeta Terra por ano.
Isto é, consumimos muito mais água, energia e recursos minerais, florestas e biodiversidade do que a biocapacidade da Terra consegue repor ou regenerar em um ano. Nossa pegada ecologica aumentou.
Ou seja, extraímos recursos naturais de uma forma nunca antes imaginada para produzir mais do que aquilo que necessitamos. E, apesar disso, seguimos registrando fome e miséria em diversos países.
Afinal, sustentabilidade é possível?
É normal que se questione: sustentabilidade é possível em um mundo capitalista, em que tudo o que produzimos consome água, energia e muita matéria-prima?
Sim, é possível falar em vida sustentável e em atitude sustentável. Desde que estejamos preparados para avaliar as contradições e possibilidades da sustentabilidade, ela é possível.
Nos dias atuais, qualquer governo, empresa ou instituição pode aplicar em sua cidade ou trabalho pelo menos uma das 169 metas de ação global dos 17 ODS Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
Além disso, há um volume cada vez maior de pessoas que não toleram desigualdades sociais, de gênero ou de raça, por exemplo.
Ou seja, é possível aplicar na prática sustentabilidade e responsabilidade social demandando relações pessoais ou profissionais mais justas.
Da mesma forma, consumidores cobram mais responsabilidade socioambiental das empresas.
Isto é, clientes mais vigilantes exigem produtos mais ecológicos e um processo de produção mais colaborativo que beneficie funcionários e colaboradores com redução de impactos ambientais.
Porém, ainda tem empresa que usa a sustentabilidade apenas como ferramenta de marketing, sem justificar que ações concretas é capaz de gerar. Isso é enganação e se chama greenwashing.
Ou seja, é preciso agir como consumidor consciente e exigir produtos e serviços que demandem cada vez menos recursos naturais, reaproveitem resíduos e gerem menos impactos ao meio ambiente.
Seja no feitio ou no descarte, os produtos e serviços precisam contribuir para a regeneração de biomas.
Da mesma forma, a sociedade ressignifica o que sustentabilidade ambiental quer dizer. Quer dizer que a crise climática global, os desmatamentos e a poluição por plásticos fazem parte de um todo.
Contradições da sustentabilidade
Porém, se sustentabilidade é o equilíbrio entre necessidades e recursos naturais, como seguir com o consumo, ainda que seja de produtos ditos sustentáveis?
Ao mesmo tempo, consumidores, acionistas e investidores esperam mais coerência e propósito das marcas. Equilíbrio entre viabilidade econômica e práticas sustentáveis – ESG o que é sinônimo para responsabilidade socioambiental empresarial.
Isto é, o mundo pede mais responsabilidades socioambientais que promovam o desenvolvimento sustentável, preservação do meio ambiente e bem-estar da comunidade local.
De forma geral, são esperadas ações de nações e relações econômicas globais, de governos, da sociedade civil, de empresas e dos consumidores!
E isso nos insere em uma rede global em defesa de um desenvolvimento sustentável possível.
Sustentabilidade e consumo consciente
Por estas e outras questões, uma nova relação entre sustentabilidade e consumo consciente vem sendo defendida nos últimos anos.
Isto é, consumidores estão mais conscientes do impacto que seu modo de vida urbano e isolado da natureza vem causando ao Planeta.
Por outro lado, mais empresas adotam matéria-prima orgânica, reciclagem de embalagens ou logística reversa. E há mais negócios de impacto incentivando novas relações socioambientais.
Ou seja, ser sustentável é – ou pelo menos deveria ser! – entender de que forma você, sua empresa ou sua cidade devem se relacionar com a Natureza a partir de agora.
Uma das formas é conhecer e praticar os 5Rs da sustentabilidade: Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e, só então, Reciclar. Falam em 3Rs, 6Rs, 7Rs… enfim!
Tudo bem! O importante é que entre as dicas para ser sustentável está a consciência para mudar sua forma de pensar e de agir. Consulte dicas sobre como ser sustentável. Acredite, é transformador!
Em resumo, ser sustentável não é apenas gerar uma pegada ecológica cada vez menor: sustentabilidade é promover impactos positivos e a regeneração do Planeta como saldo das ações individuais e globais.
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